Capítulo 17 - Não era para ser assim

-- (Mikayla) --


Assim que ouvi o toque de saída, pus-me fora da sala. Devo ter sido das 1ª a sair, e direccionava-me para o pátio a grande velocidade.


- MIKAYLA! – Gritava-me uma voz familiar. Parei e quando olhei pude reparar que era o Harry. Eu realmente não queria falar com ninguém, por isso, apesar do custo, virei-lhe costas e prossegui caminho. – MIKAYLA! – Voltou ele a chamar-me mas desta vez já ao pé de mim. Não me deixando escape possível, começou a falar. – Até que enfim que te apanho. Andei a manhã toda há tua procura, e quando finalmente te encontrei estava aquela confusão no bar e tu desapareceste. Não me digas que andas a fugir de mim?


- De ti? Porque é que dizes isso?


- Não sei, como não falamos mais desde ontem há noite, sei lá, podias-me ter achado um chato, e arrependeres-te de ter saído comigo.


- Não, nada disso, se fosse assim, acho que teria sido mais ao contrário. E eu agradeço por ontem, foi um momento muito agradável. 


- Nunca! E não tens de agradecer. – Sorriu. - Há é verdade! Depois sempre falas-te com a Stefany?


- Não sei do que é que estás a falar. Não conheço nenhuma Stefany. – Disse-lhe começando a caminhar para o pátio, ele seguiu-me. Assim que chegamos a uma zona mais calma ele automaticamente obrigou-me a parar.


- Estou a ver que a conversa não correu bem, queres falar?


- Não há nada para falar! Além do mais estás a perder tempo aqui, não devias estar a preocupar-te com a Caroline?


- A CAROLINE?! Que é que tem a Caroline a ver com o assunto?


- Não sei, diz-me tu! 


- Mikayla… - Dizia ele boquiaberto. – Que conversa é essa agora?


- Ho Harry, sem mentiras por favor, eu preciso de sinceridade! Para mentiras já me chegou a outra.


- Calma. Eu já não estou a perceber nada. – Dizia confuso. – Queres explicar-te melhor?


- A quem é que falas-te da nossa saída de ontem?


- Porque é que queres saber isso?


- Responde! 


- Aos rapazes! Só falei ao pessoal lá da residência. Porquê?


- Tens a certeza?


- Sim Mikayla, o que é que aconteceu?


Tirei da mala a fotografia que a Caroline me tinha deixado naquela manhã, e mostrei ao Harry.


- Que foto é esta? – Interrogou-se.-


- Eu também gostava de saber.


- Onde é que a arranjas-te?


- Foi a Caroline.


- Foi quem?! Acho que não ouvi bem? Onde é que ela foi buscar isto. Eu juro que não falei com ela, aliás, eu quero é distância daquela maluca.


- Estás a falar a sério?


- Claro Mikayla, eu não tenho razões para te mentir.


- É que esta manhã, quando ela me veio “entregar” essa foto, veio-me com uma conversa um tanto bizarra. 


- Vais ter que te explicar melhor, Mikayla. – Sentámo-nos num banco.


- A Caroline veio-me com a conversa de eu andar a roubar o homem das outras …


- Mas eu não sou de ninguém, …por enquanto. – Sorriu de forma marota de maneira a fazer-me soltar uma gargalhada.


- Pois, mas ela também me disse que se não me afastasse de ti a bem… iria fazê-lo a mal.


- Ela disse isso?! – Perguntou escandalizado. Acenei com a cabeça em sinal afirmativo. – Bem, não te preocupes… – Acariciou-me o rosto. – Eu não deixo nem deixarei que alguém te faça mal.


- Harry, agradeço-te muito, mas eu não tenho medo da Caroline. Eu chego bem para ela. Aliás, só não lhe fiz nada porque fui mesmo completamente apanhada de surpresa.


- Mesmo assim. Eu quero proteger-te. – Fez um sorriso super amoroso e beijou-me a testa. – Agora diz-me: Como vão as coisas com a Stefany?!


- Bolas! Já te disse que não conheço nenhuma Stefany!


- Mikayla?!


- O que foi?


- Não sejas assim.


- Assim como?


- Mázinha.


- Eu não sou má. Ela só está a ter o que merece. Eu não gostei mesmo nada do que aconteceu hoje.


- Hoje?!


- Sim, hoje. Ontem nós já tínhamos conversado e feito as pazes. Ela disse-me que não tinha sido “nada de especial”, mas parece que esse “nada de especial” está na capa de uma revista.


- Na capa de uma revista? – Dizia cada vez mais surpreso.


- Ainda não viste?


- Não.


- “Membro da banda One Direction, apaixonado?!” e depois tem uma imagem deles de mãos dadas a correrem. Não se nota lá muito bem que é a Stefany, mas eu conheço-a e deu para ver pelas roupas.


- Se calhar não é o que estás a pensar.


- Achas mesmo, Harry?! É claro que é. De certeza que eles andam, mas ela não me quer contar nada talvez por ter medo de me enfrentar cara a cara e de dizer que quebrou o pacto.


- Bem, se assim for… - Aproximou-se de mim…- Tu também podes quebrá-lo. – Aproximou-se mais um pouco para me beijar.


- Não, Harry! – Pus-lhe o indicador á frente dos seus lábios, impedindo que me beijasse. – Eu não sou como ela.


- Mas… - Fez beicinho. Ri-me.


- Vamos esperar mais um pouco e ver no que isto vai dar, ok?


- Ok. – Disse baixando a cabeça. Agarrei-lhe no queixo e levantei-a de forma a olhar-me os olhos e dei-lhe um beijo na bochecha.


- Desculpem interromper. – Disse o Louis chegando-se ao pé de nós. – Mikayla, preciso de falar contigo.


- Só me faltava mais este agora. – Revirei os olhos.


- Bem eu deixo-vos a falar há vontade.


- NÃO HARRY! Podes ficar, eu não tenho nada para falar com ele.


- Mesmo assim eu vou. – Disse o Harry, piscando o olho ao Louis como encorajamento e passou a sua mão pelo meu ombro. – Até já. – Disse já a caminhar.


- O que é que queres? – Perguntei ao Louis.


- Ok, descarrega em mim há vontade, afinal de contas a culpa é minha, por isso é comigo que tens de estar zangada, não com a Stefany.


- Pronto aí está, o herói, veio salvar a sua donzela. Não tens mais nada para fazer? É que vieste perder o teu tempo para estes lados.


- Mikayla… Por favor… 


- Por favor o quê? Vocês é que escolheram assim.


O Louis tinha algo para dizer, mas senti que estava entalado. Ele tentava mas só saiam meras vogais, e pequenos sons engasgados da sua boca.


- Pois… Bem me parecia. – Disse dando meia volta.


- Mikayla espera! – Disse fazendo-me parar. Voltei-me novamente para ele. – Ok, eu compreendo que estejas chateada, e força, chama-me nomes, insulta-me, bate-me, faz o que quiseres, mas por favor, tira a Stefany disto. A culpa é só minha. Eu juro que não queria que nada disto acontecesse, mas nenhum de nós o previu. E acredita que ela está tão magoada com esta situação quanto tu, eu peço-te por tudo Mikayla. Eu não a aguento ver triste. – Dizia o Louis desesperado.


Eu consiga notar nos olhos dele que estava a falar a verdade, aquele olhar não enganava ninguém, era um olhar profundo e delicado, pronto a corrigir o seu erro.


- Vou pensar no teu caso.


- Isso quer dizer que vais falar com ela? – Disse fazendo um sorrisinho.


- Não prometo nada. – Tentei manter-me séria, mas aquela carinha a implorar teve uma certa graça.


-- (Stefany) --

*****

Após ter dado o toque de saída, saí da sala apressadamente, sentia-me perdida, sem rumo. Tinha a cabeça a mil, parecia que ia explodir a qualquer momento. Estava tão farta de estar naquela situação. Eu e a Mikayla nunca tínhamos discutido como discutimos agora, eu realmente tinha sido uma péssima amiga, mas eu só a estava tentar protege-la. As lágrimas ameaçavam escorrer-me pela cara. Ainda as tentei segurar mas sem sucesso. O corredor da escola estava deserto e como as lágrimas já me escorriam pela cara, enfiei-me num cubículo entre os cacifos. Chorei como se não houvesse amanhã. Só conseguia pensar que talvez tivesse perdido a melhor coisa que me tinha acontecido na vida. Ter conhecido a Mikayla. Comecei a ouvir passos na minha direcção e rapidamente tentei disfarçar o choro, limpando as lágrimas.


- Alô? Quem está aí? – Dizia alguém aproximando-se de mim. – Stefany? Que fazes aqui?


Assim que o rapaz se pôs há minha frente pude ver que era o Logan, mas não consegui dizer nada, nem uma única palavra. Ele reparou nos meus olhos inchados e encarnados de tanto chorar, que logo perguntou: – Estás a chorar? Que se passa?
Não consegui continuar a fitá-lo, e por mais que quisesse tentar falar, nada saía, e novamente caí em lágrimas. O Logan sentou-se ao meu lado, no pouco espaço que ainda havia entre mim e os cacifos, colocou o seu braço há volta dos meus ombros, aconchegando-me. E ali ficamos os dois, naquele corredor silencioso e ausente de movimento. Passado algum tempo, tentei controlar os soluços do meu choro, lentamente encostei a minha cabeça no seu ombro e comecei a falar.


- Sabes… - Dizia quebrando o silêncio constrangedor. - … quando tu fazes alguma coisa, e pensas que é o melhor para toda a gente, mas no final das contas, não é, e acabas por magoar aqueles que mais amas?


- O que é que me estás a tentar dizer com isso Stefany? – Perguntou-me o Logan, enquanto subia, e descia a sua mão, ao longo do meu braço, fazendo-me festinhas para me acalmar. Feita a pergunta, comecei a explicar-lhe toda a situação, largando uma ou outra lágrima, pelo meio. 
Desencostei a minha cabeça do ombro dele e olhei-o nos olhos.


- Achas que agi mal? – Perguntei-lhe.


- Não, sabes… Tu no fundo só queres o melhor para ela, mas ao quereres o melhor, talvez tenhas exagerado um pouco.


- Tens razão. – Baixei a cabeça.
- Mas não tens de ficar triste. – Ele baixou também a sua cabeça, até os seus olhos voltarem a encontrar-se novamente com os meus. Esforcei por sorrir. – Podes não ter demonstrado a tua amizade da melhor maneira, mas esforçaste-te, e é isso que conta. Deste o melhor, a Mikayla há-de perceber, e vai dar valor. Mas agora vá, não fiques assim. – Aproximou a sua mão da minha cara, limpando as lágrimas que ainda estavam no meu rosto. – Eu só não percebi uma coisa…


- O quê?


- Tu e o Louis…


- NÃO! – Interrompi-o. – Sabes ontem quando fomos lanchar? Então tu saíste mais cedo, e quando estava a voltar para casa encontrei-me com ele, e viemos os dois, só isso. Mas estas revistas muito gostam de inventar.


- Então isso quer dizer que vocês não estão juntos?


- Não! Nós só estávamos a vir para casa…


Os olhos azuis do Logan começaram a brilhar e ele abraçou-me fortemente.


- Vais ver que tudo se vai resolver. Boatos nunca duram muito tempo, e a verdade sempre vem ao de cima. 


Voltei a esforçar um pequeno sorriso, e agradeci-lhe por aquele momento. Entretanto já estava a tocar para a próxima aula, que seria aula de canto, por isso levantamo-nos e dirigimo-nos juntos para a mesma sala.